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A epidemia do novo coronavírus está representando, também, uma nova configuração nas relações entre as empresas e clientes. Além da priorização do home office, muitos negócios passaram a intensificar as vendas online. Uma prova disso foram os dados de relatório da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), em parceria com o Movimento Compre & Confie, que revelaram que as vendas online de itens de saúde dobraram nesse período.
De 24 de fevereiro, pouco antes do primeiro caso de Covid-19 confirmado no Brasil, até o dia 18 de março o relatório aponta um aumento de 111% nas compras online da categoria saúde, o que inclui medicamentos e itens de farmácia.
Já os setores de beleza e perfumaria tiveram uma alta de 83%, contemplando itens de higiene e pessoal. A comparação foi feita com base entre dias 25 de fevereiro e 20 de março do ano passado.
Em entrevista publicada ao portal de Economia do UOL, o diretor executivo do Compre & Confie, André Dias, destacou que em qualquer crise o ambiente de vendas se consolida. “Especialmente neste momento, em que o contato físico deve ser evitado, as vendas pela internet ganharam ainda mais relevância”, afirmou o diretor. A pesquisa contemplou marcas como Americanas, Carrefour, Extra e Magazine Luiza.
Um outro fator interessante foi apontado por Carlos Vitória, editor de vendas no SaudávelEForte: o de que os comércios online devem estar preparados para o aumento nas demandas, principalmente quem não está acostumado com este tipo de formato, informando inclusive possíveis atrasos em entregas. Isso evita manchar a imagem do negócio no período.
A pesquisa ainda mostrou um aumento de 80% nas compras de supermercados, contemplando alimentos, bebidas, higiene e limpeza. Em valores, as vendas online no período somaram R$ 5,6 bilhões, um aumento de 28,8% em relação ao intervalo do ano passado. O número de pedidos aumentou 31,6%, para 13,16 milhões e o tíquete-médio foi 2,2% menor.
Os dados também mostraram quanto cada categoria representa dentro do faturamento total. A maior queda foi dos eletrônicos, com diminuição de 7,6% do faturamento de 2019 para 5,3% do faturamento deste ano, o contrário do aumento de beleza e perfumaria (de 4% para 6,8%), de saúde (de 1,1% para 2,3%) e de alimentos e bebidas (de 1,1% para 2%).
E as mudanças com este novo cenário foram imediatas. “Uma rede de farmácias, por exemplo, tirou as promoções do ar, porque já havia vendido todo o seu estoque, uma alta de 170% no período, e não daria conta de entregar”, disse Dias ao UOL.
“Além disso, é preciso saber o quanto as autoridades vão permitir em relação à circulação de mercadorias, para que as vendas não fiquem comprometidas” também opinou o especialista, destacando que com o agravamento da pandemia as empresas com melhores logísticas se sairão melhor.
Só no comércio eletrônico para este ano, a previsão da Compre & Confie era um crescimento de 21% em relação a 2019, somando R$ 90,7 bilhões. Esta previsão ainda não foi revista.