O surto de um novo coronavírus chegou a quase todos os cantos do mundo, com frequência de casos que só continua a aumentar. Desde as primeiras semanas em que o vírus surgiu em Wuhan, na China, já houve sinais de uma mudança no comportamento do consumidor.
Aqui exploramos o impacto do coronavírus no comércio eletrônico e o que ele pode significar para você e sua loja online.
O que é o coronavírus?
Antes de tudo, vamos começar por explicar o que sabemos (até o momento) sobre o novo coronavírus até agora.
O Covid-19 é uma nova cepa de coronavírus, que foi identificada pela primeira vez na cidade de Wuhan, na China, em dezembro de 2019.
Entende-se que se espalha quando há contato próximo com uma pessoa infectada – seja através de gotículas produzidas pela tosse e espirros, ou através de superfícies de contato onde essas gotículas possam estar presentes.
Atualmente não há vacina para a prevenção contra o novo coronavírus, então as autoridades sanitárias dizem que a melhor maneira de prevenir a infecção é evitar a exposição ao vírus e lavar as mãos com frequência.
As pessoas vão parar de comprar online?
Uma das maiores preocupações que os donos de e-commerce podem ter é que os consumidores deixem de fazer compras on-line por receio de receberem o vírus de remessas internacionais.
Mas, na verdade, o que estamos vendo até agora é exatamente o oposto.
Muitos consumidores estão “estocando” diversos tipos de produtos em meio a preocupações de que possa ocorrer escassez ou que seja necessário permanecer mais tempo do que o esperado dentro de casa, especialmente em itens essenciais como papel higiénico – que tem desaparecido das prateleiras em lugares como Austrália, Japão, EUA e Nova Zelândia.
O especialista David Savage, professor associado de Economia Comportamental na Universidade de Newcastle,falou ao The Conversation sobre estes comportamentos: “Suspeito que a maioria das pessoas só compra papel higiénico quando está quase acabando em casa, o que pode ser um problema se for necessário ficar isolado durante duas semanas. Portanto, acho que isto é apenas um processo de preparação, porque vimos que o papel higiênico se tornou um item escasso em outros lugares.”.
Alex Russell, da Escola de Saúde e Ciências Médicas e Aplicadas da Universidade Central de Queensland, acrescentou: “As pessoas não estão apenas estocando papel higiênico. Todos os tipos de artigos estão esgotados, como máscaras faciais e higienizadores de mãos. Produtos como enlatados e outros alimentos não perecíveis também estão vendendo bem”. As pessoas estão assustadas, e estão estocando o que podem. As pessoas estão comprando o que precisam, e um dos artigos é papel higiénico”.
Demanda de mantimentos
Não estamos falando apenas dos supermercados verem suas vendas crescerem – muitas pessoas não querem sair de casa para um ambiente de comércio, numa tentativa de reduzir o risco de contrair o vírus, por isso as encomendas e vendas online também estão aumentando.
O supermercado online britânico Ocado avisou que tem visto “uma procura excepcionalmente elevada” e solicitou aos seus clientes que realizem suas encomendas o quanto antes. Em um e-mail recente para os clientes, a empresa disse: “Mais pessoas do que o habitual parecem estar fazendo pedidos particularmente volumosos. Como resultado, os nossos estoques estão sendo vendidos mais rapidamente do que o esperado”.
As ações da Ocado subiram mais de 6% na última segunda-feira – no mesmo dia o Reino Unido teve um de seus maiores saltos em casos de coronavírus.
Especialistas sugerem que o aumento nas compras de mercados online é mais provável que os consumidores façam compras futuras da mesma maneira – algo que é comparável às vendas online durante as festas de fim de ano.
Andrew Lipsman, analista principal da eMarketer, disse à Forbes: “Durante as festas de fim de ano, um tempo com uma atividade de compra mais concentrada, os consumidores gastam mais online, iniciando uma mudança radical, o que significa que o consumidor pode não voltar ao comportamento passado. Pode ser que vejamos esse tipo de comportamento semelhante se desdobrar nos próximos meses”.
Quais indústrias são afetadas?
Com o surto ainda na sua fase inicial, as vendas de mantimentos, bens domésticos e artigos de saúde têm visto um impulso à medida que os consumidores procuram formas de se protegerem. Mas a análise mostra que houve um impacto em outros setores.
A plataforma de tendências e ideias Contentsquare descobriu que os gastos plataformas de viagens caíram 20% e as vendas de equipamentos esportivos caíram quase um terço nas duas semanas entre o final de fevereiro e o início de março.
Aimee Stone Munsell, CMO da Contentsquare, disse ao Internet Retailing: “Embora houve um aumento nas vendas online para algumas indústrias, outras estão claramente sofrendo. Talvez sem surpresas, as reservas de viagens, hotéis e turismo estão todas em baixa, enquanto a venda de itens para uso ao ar livre, como equipamentos esportivos, também caiu nas últimas duas semanas”.
As marcas de luxo também podem ver um declínio à medida que as pessoas procuram certificar-se de que estão bem abastecidas em casa, ao invés de gastar em artigos de moda, sugeriram os especialistas.
O Fórum Económico Mundial relatou: “A mobilidade e as interrupções de trabalho levaram a declínios acentuados no consumo chinês, tornando mais enxuta a atuação das empresas multinacionais em vários setores, incluindo aviação,… , infra-estrutura, turismo, entretenimento, hotelaria, electrónica, bens de consumo e de luxo”.
É seguro importar produtos agora?
Como o Covid-19 é uma nova doença, os cientistas ainda estão trabalhando para compreendê-la. Mas pode ser que esta questão tenha passado por sua cabeça – ou pela de seus clientes.
Com base no que eles sabem até agora, parece não haver nenhuma prova de que o vírus possa se espalhar a partir de itens enviados da China – ou de qualquer outro país infectado, incluindo Itália e Japão.
O Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA dizem que não há evidências que sugiram que o coronavírus tenha sido transmitido através de mercadorias e embalagens importadas.
Especialistas acreditam que a doença se propaga através de gotículas espalhadas pela tosse e espirros, que dificilmente sobrevivem em superfícies por mais de 48 horas.
O risco de propagação do coronavírus a partir de produtos ou embalagens que foram enviados ao longo de dias ou semanas é muito baixo, por isso os comerciantes realmente não precisam se preocupar.
Situação de rápida mudança
O surto de coronavírus está mudando seu status todos os dias – com mais países, pessoas e economias afecadas pela sua propagação.
Como dono de e-commerce, pode ser interessante desenvolver um plano de contingência ou explorar alguns fornecedores alternativos, especialmente se seu estoque depende de outros países.
É claro que, se você tem alguma preocupação com seu negócio, é importante buscar aconselhamento profissional.
Traduzido e adaptado de: https://sufio.com/blog/coronavirus-ecommerce-impact-online-stores/?utm_source=Newsletter&utm_medium=post&utm_campaign=coronavirus-ecommerce-impact-online-stores